segunda-feira, 5 de abril de 2010

Confusões de uma grande metrópole

Às seis e meia da manhã já estava eu no mercado te Tsukiji, o mercado de peixes de Tóquio. De acordo com informações do lonely planet, era antes das oito que o mercado era uma atração, talvez a mais interessante da capital japonesa.
Nunca vi um lugar como aquele. Diversas barracas vendendo peixes a granel, peixes alguns que reconheci outros que nunca tinha visto na vida, bem como conchas, mariscos vôngoles e outras criaturas do mar. O odor do lugar era de peixe fresco, não havia mal cheiro não, por incrível que pareça. Mais aos fundos, havia várias salas de leilões onde peças gigantescas de peixes eram leiloadas. Isso sim é um show à parte. O leiloeiro praticamente fazia uma dança e cantava enquanto donos de restaurantes e distribuidores participavam dos leilões oferecendo seus lances. À frente do leiloeiro, um balcão com amostras de peixes para observação da cor e textura dos lotes. A atração é concorrida, pois encontrei centenas de turistas que também acordaram cedo para observar as atrações. Enquanto estava na fila era possível observar um verdadeiro trânsito de carrinhos, uns carrinhos motorizados com um tambor na frente, carrinhos puxados à mão e pessoas gritando e falando. Um mercado de fato. Os leilões não são abertos ao público, porém havia uma sala em que era possível a visitação.
Ao redor do mercado há uma feira comum onde se vendem utensílios, legumes e verduras e muitas barracas de comida. Comecei meu dia com um café da manhã típico japonês: com comida mesmo. Pedi um prato em que vinha uma pequena porção de arroz com frango por cima e uma tigela com macarrão no caldo de peixe e cebolinha. Não fora estranho comer aquilo pela manhã. Ao contrário, parece que me deu energias para todo o dia.
Partindo dali, fui ao norte da cidade, em Ryogoku, procurar a arena de sumô. Encontrei-a, porém fechada. Havia lido que poderia encontrar algum lugar aberto para observar um treino, porém nada encontrei. A informação que obtive é que os campeonatos ocorrem em janeiro, maio e setembro.
A segunda parte do dia foi reservada para conhecer o lado moderno de Tóquio, os bairros de Shinjuku e Shibuya. A estação de Shinjuku por si só é um mundo à parte. Praticamente um labirinto. Não contei, mas há dezenas de saídas e cada uma para um lado. Para quem não a conhece é fácil se perder, e eu não era o único. Depois de muito procurar, procurar e procurar, encontrei a saída finalmente.
Shinjuku possui dois lados muito distintos. O leste, que é um distrito de diversões e o oeste, local de prédios de arquitetura moderna e de caráter administrativo. Comecei pelo lado leste, explorando o caminho sugerido pelo guia Japão da Folha de São Paulo. Um pouco confuso pois encontrar ruas no Japão é de fato uma aventura. Não há denominação nas vias secundárias. Apenas as ruas principais têm nome. Enquanto procurava num guia, um senhor parou para me perguntar se precisava de ajuda.
O leste de Shinkuju é uma mistura de Prédios altos, letreiros multicoloridos e vários telões ao longo das avenidas. No meio dessa modernidade toda, repousa o templo budista Hanazono, com vários portais xintoístas vermelhos, e as flores de cerejeira dando aquele contraste que tanto maravilha os japoneses e os estrangeiros que aqui visitam. Saindo dali, ao norte, há uma série de becos que escondem bares minúsculos. De acordo com os guias locais, são bares reservados, que não atendem a estranhos, muito menos a turistas. Para se entrar é necessário ser apresentado por algum cliente habitual. Mais a oeste daquela região estava o distrito de Kabukicho, a zona de tolerância. Isso mesmo, uma zona de prostituição no meio da capital e no meio da confusão de Shinjuku. Porém é tudo muito discreto, exceto pelos letreiros com moças usando trajes e roupas sensuais.  Não havia nudez. O que mais me chamou a atenção  é que algumas fachadas exibem desenhos eróticos, como se fossem animes, e músicas que lembram esses desenhos. Porém na porta um aviso de que é necessário ser maior de dezoito anos para se entrar.
O lado oeste restou inexplorado, ante a chuva que caiu durante todo o dia aqui em Tóquio, e eu ja estava cansado demais.
Após descansar no hostel por um momento, fui a Shibuya. Shibuya é um pouco parecido com Shinjuku, porém mais cheio de letreiros e telões e neons e muito mais lotado de gente. Diga-se de passagem, noventa e nove por cento dos que frequentam Shibuya tem menos de 30 anos de idade. Parece se tratar de uma cidade dedicada a adolescentes e adultos jovens, cheias de casas de jogos e em especial do jogo chamado Pachinko, que é uma verdadeira mania dentre os japoneses, assim como casas de shows e espetáculos. Na porta da estação de Shibuya, uma homenagem a Hachinko, o cachorro que todos os dias esperava o dono na porta da estação. E continuou esperando mesmo após a morte do dono, durante dez anos. Há uma estátua na porta e, inclusive, essa história é tema de um filme que está em cartaz no Brasil, acho, cujo dono do cachorro e interpretado por Richard Gere.

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